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"IA do Job": Jovens Faturam em Novo Mercado de Modelos Virtuais para Conteúdo Adulto

Atualizado: 25 de mar.

Nos últimos meses, um fenômeno tem chamado atenção nas redes sociais e em plataformas de conteúdo adulto: as "IAs do Job" ou "garotas do job". Essas modelos virtuais, geradas por inteligência artificial (IA), são criadas para a produção e comercialização de imagens e vídeos de teor adulto em sites como OnlyFans, Privacy, Fanvue, LinkPriv e Uncove.



Site que permite adicionar um comando e criar uma IA do job — Foto: Reprodução
Site que permite adicionar um comando e criar uma IA do job — Foto: Reprodução


Com o uso de ferramentas especializadas, criadores conseguem gerar imagens hiper-realistas de mulheres nuas ou em situações sensuais, vendendo esses materiais para assinantes em plataformas pagas. O sucesso desse nicho está incentivando não apenas a criação desses personagens, mas também a comercialização de cursos que ensinam a desenvolver e vender esse tipo de conteúdo.


Como Surgiu Esse Mercado?

O conceito de "IA do Job" começou a ganhar visibilidade no Brasil no final de 2024, especialmente no TikTok, onde influenciadores compartilharam histórias de sucesso e faturamento com a criação dessas modelos. Nos Estados Unidos e na Europa, esse mercado já vinha crescendo desde o início de 2024, impulsionado pelo avanço da tecnologia e pela demanda por conteúdo personalizado.

Elaine Pasdiora, criadora de conteúdo de 35 anos, residente em Porto Velho (RO), revelou que entre janeiro e março de 2025 faturou mais de R$ 20 mil, grande parte desse montante vindo da venda de cursos que ensinam a criar e monetizar essas modelos virtuais. Em grupos no WhatsApp e fóruns especializados, centenas de pessoas discutem estratégias para entrar nesse mercado.


No TikTok, são vários conteúdos sobre a 'IA do job' — Foto: Reprodução/TikTok
No TikTok, são vários conteúdos sobre a 'IA do job' — Foto: Reprodução/TikTok



O Público Consumidor das "IAs do Job"

O consumo desse tipo de conteúdo tem atraído um perfil específico de assinantes. Segundo relatos de criadores, os principais consumidores são:

  • Homens acima de 40 anos;

  • Estrangeiros, especialmente residentes na Índia, Paquistão e Estados Unidos;

  • Pessoas com dificuldades em estabelecer relacionamentos interpessoais.

Com a evolução das ferramentas de IA, a qualidade das imagens e vídeos gerados tem melhorado significativamente, aumentando o realismo e, consequentemente, a aceitação por parte dos consumidores.


Como São Criadas as "IAs do Job"?

Existem vários sites e plataformas que possibilitam a criação desses modelos virtuais. O processo envolve:

  • Uso de sites que oferecem modelos prontos ou customizáveis via comandos em linguagem natural (prompt);

  • Aplicativos que adicionam movimentação e sincronia labial para dar vida às personagens;

  • Perfis em redes sociais para promoção do conteúdo, funcionando como "vitrine" para assinantes.

Para acessar o conteúdo completo, os interessados devem pagar uma assinatura em dólar ou euro, dependendo da plataforma utilizada.


Questões Éticas e Regulatórias

Apesar do sucesso financeiro para alguns criadores, o setor enfrenta questionamentos éticos e legais. A advogada criminalista Giovana Gabriela Silva aponta que a maioria dessas modelos seguem um padrão de beleza eurocéntrico, excluindo a diversidade e reforçando estereótipos.

Além disso, algumas práticas questionáveis têm sido identificadas, como o uso de IA para alterar imagens reais e criar perfis falsos. Em novembro de 2024, a revista Wired denunciou a existência de influenciadores virtuais gerados a partir de vídeos reais de criadores de conteúdo adulto, sem consentimento.

Plataformas como OnlyFans e Privacy permitem conteúdo gerado por IA, desde que haja transparência sobre sua origem. No entanto, alguns criadores têm buscado formas de burlar essas regras, levantando preocupações sobre fraude e segurança digital.


O Crescimento do "Nicho Hot" e a Venda de Cursos

Com a popularização desse fenômeno, diversos cursos surgiram prometendo ensinar a criação e monetização das "IAs do Job". Os valores variam entre R$ 30 e R$ 50, atraindo um público interessado em gerar renda rápida. Entretanto, muitos criadores alertam que os ganhos não são imediatos e que há um alto índice de desistência devido às dificuldades de venda.

Elaine Pasdiora, por exemplo, obteve um faturamento considerável, mas destaca que a maior parte de sua receita veio da venda de cursos, e não diretamente das assinaturas de sua "garota do job".

A regulamentação desse setor ainda está em debate no Brasil. Em dezembro de 2024, o Senado aprovou um projeto para normatizar o uso de IA no país, mas o tema ainda precisa passar por discussão na Câmara dos Deputados.


Elaine já faturou R$ 651,40 em apenas uma plataforma com sua 'garota do job', chamada Talita. — Foto: Reprodução
Elaine já faturou R$ 651,40 em apenas uma plataforma com sua 'garota do job', chamada Talita. — Foto: Reprodução


Conclusão

A criação de modelos virtuais para o mercado adulto está se consolidando como um novo segmento de negócio impulsionado pela inteligência artificial. No entanto, desafios como questões éticas, regulamentação e sustentação financeira a longo prazo ainda precisam ser resolvidos.

Para aqueles que desejam ingressar no setor, é essencial compreender os riscos e as limitações do mercado, bem como estar atento às possíveis mudanças nas regras de plataformas e legislação.


Fontes:

  • G1 (https://g1.globo.com)

  • Wired (https://www.wired.com)

  • OnlyFans - Termos de Uso (https://onlyfans.com/terms)

  • Senado Federal - Projeto de Lei sobre IA (https://www25.senado.leg.br)

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